Com 10,4 metros de comprimento e pesando sete toneladas, Tiangong-1 – a primeira estação espacial da China – cairá na Terra no próximo sábado (31) ou domingo (1°). Especialistas garantem que seus componentes, que atingirão uma velocidade de 27 mil km/h, se desintegrarão ao tocar a atmosfera. O Brasil está entre um dos países onde os escombros podem aterrissar.
Segundo a Agência Espacial Europeia (ESA), Tiangong-1 (Palácio Celestial) já está em queda livre e descontrolada, sendo impossível saber com exatidão onde os destroços cairão. A previsão é de que eles toquem a superfície terrestre entre os 43° de latitude norte e 43° de latitude sul – um imenso espaço que compreende do norte dos Estados Unidos e o sul da França ao sul da Argentina, Chile e Nova Zelândia. O território inteiro do Brasil faz parte desta zona.
De acordo com o diretor do escritório de Escombros Espaciais da ESA, Holger Krag, o fenômeno também não será visível a olho nu. Com um pouco de sorte, será possível observar no céu durante alguns minutos um objeto brilhante, como uma estrela cadente, mas mais lenta.
Possibilidade de acidente é quase nula
Krag também minimiza a possibilidade de um acidente. “Depois do início das missões espaciais, 13 mil toneladas de destroços caíram sobre a Terra e não houve nenhuma vítima fatal”, garante. Segundo ele, a possibilidade de que os escombros da estação caiam em uma zona habitada também são praticamente nulas.
A ESA indica que nos últimos 60 anos, cerca de seis mil objetos, como satélites e foguetes, caíram de forma imprevisível no planeta. Cerca de 90% desses resíduos pesavam mais que 100 quilos.
Segundo Stijn Lemmens, especialista em resíduos da ESA, as possibilidades de uma pessoa ser atingida por resíduos espaciais é uma em 1,2 bilhão – 10 milhões de vezes a menos do que ser atingido por um raio. “Somente uma vez um fragmento atingiu uma pessoa, mas sem feri-la”, assinalou o especialista, sem dar detalhes.
China não esperava queda descontrolada de Tiangong-1
O Programa Espacial da China, que lançou a Tiangong-1 em 2011, havia programado uma aterrissagem controlada da estação, com uma queda no Oceano Pacífico, longe de qualquer zona habitada. No entanto, em março de 2016, Tiangong-1 “parou de funcionar, embora tenha mantido sua integridade estrutural”, indicou a ESA.
O programa se limita a publicar diariamente em seu site oficial a trajetória descendente da estação. Já a agência espacial chinesa garante que o laboratório “queimará completamente enquanto entrar na atmosfera”.
Durante seus dois anos de vida operacional, Tiangong-1 participou de duas missões com tripulação e uma sem. O objetivo do governo chinês era realizar experiências para lançar uma estação espacial permanente do país ao espaço até 2023.