O governo de Minas Gerais vai gastar quase R$ 900 mil para abastecer as cozinhas de três palácios oficiais: das Mangabeiras, residência do governador Fernando Pimentel (PT); Tiradentes, gabinete do petista dentro da sede oficial do governo; e da Liberdade, museu fechado ao público por Pimentel no início de sua gestão e utilizado para reuniões da equipe de governo e recepção de autoridades.
Em dezembro passado, o governo do Estado realizou pregão para gastos de R$ 398.969 com bebidas e gêneros alimentícios. Já no mês de abril, foram outras três licitações: para a compra de hortifrutigranjeiros (R$ 270.236), de frios (R$ 122.000) e de carnes e pescados (R$ 105.068), totalizando mais R$ 497.404. As compras serão entregues ao longo do ano.
Com os quatro pregões, os gastos com alimentação nos três palácios alcançam R$ 896.373 em 2017. Isso representa um aumento de 24,8% nesse tipo de despesa, que custou R$ 718.000 em 2016. Ano passado, o governo estadual ainda realizou um quinto pregão para a aquisição de flores para os palácios, de R$ 191.000, mas em 2017, até o momento, essa licitação não foi feita.
Presunto parma, camarão rosa e cerveja belga
Os itens que compõem a licitação chamam atenção pelo requinte. As cozinhas dos palácios da Liberdade, Mangabeiras e Tiradentes serão abastecidas com 28 tipos de queijos e seis requeijões nacionais e importados, além de nove tipos de presuntos e salames.
Os gastos com “frios” preveem a aquisição de itens como queijo parmegiano reggiano (7 quilos por R$ 2.170), queijo pecorino (10 quilos por R$ 3.260), queijo grana padano (10 quilos por R$ 2.050) e presunto parma (200 quilos por R$ 7.200).
No item “carne e pescados”, serão adquiridos camarões GGG (35 quilos por R$ 7.700), camarão rosa (35 quilos por R$ 5.950), bacalhau (120 quilos por R$ 10.560), salmão (320 quilos por R$ 25.536), salmão defumado (25 quilos por R$ 4.999), badejo (90 quilos por R$ 7.650), além de ossobuco de carne bovina (100 quilos por R$ 4.303).
A lista de gastos com “hortifrutigranjeiros”, por sua vez, prevê a compra de cereja chilena (50 quilos por R$ 4.186), morangos (1.100 bandejas por R$ 9.218), mamão papaia (600 unidades por R$ 4.128), abacaxi (1.300 unidades por R$ 8.944) e cogumelo paris (80 bandejas por R$ 2.240).
Por fim, os gastos da categoria “bebidas e gêneros alimentícios” preveem itens como vinho branco chileno (80 garrafas por R$ 5.600), cerveja belga (1.620 garrafas de 350 ml por R$ 9.072), bebida energética (240 latas de 250 ml por R$ 2.352) e isotônico (2.100 garrafas de 500 ml por R$ 8.400), além de azeite virgem e extra virgem (1.252 garrafas de um litro por R$ 42.568), nozes (36 quilos por R$ 4.320) e pistache (32 quilos por R$ 4.120).
Governo estadual está no vermelho
O aumento dos gastos com alimentação acontece quando o governo de Minas Gerais enfrenta uma das piores crises financeiras de sua história.
No fim do ano passado, Pimentel decretou calamidade financeira em Minas Gerais. As contas do Estado estão em “situação calamitosa e colocam em risco a capacidade do governo para manter serviços essenciais e de pagar despesas com os funcionários”, afirmou o petista na ocasião.
O déficit em 2017 é estimado em R$ 10.869 bilhões, com receita de R$ 84.429 bilhões e, despesa de R$ 95.299 bilhões. Os 673 mil funcionários públicos estaduais (429 mil na ativa) recebem os salários atrasados, em três parcelas mensais, desde o início de 2016.
Governo diz que reduziu gastos
Por meio de nota, o governo estadual informou que nos processos de compra são feitas “estimativas de consumo regular e periódico que poderão ser executados ao longo dos próximos 12 meses, de acordo com a demanda. Os produtos se destinam ao atendimento dos eventos oficiais nos três palácios do Governo do Estado de Minas Gerais. Salientamos que não existe a obrigatoriedade de executar todo o valor contratado, sendo requisitado conforme as necessidades dos mencionados eventos”.
“É importante ressaltar que no que se refere às despesas de fornecimento de pescados, houve uma economia de aproximadamente 30% em relação ao contrato anterior. Reportando ao fornecimento de frios, a redução também foi de 30%, se comparada à contratação anterior. Já no contrato para aquisição total de carnes, a economia foi de 31%. E no que tange ao fornecimento de hortifrutigranjeiros, a diferença foi de aproximadamente 7%, se comparada à contratação anterior”, informa a nota, sem explicar por que o total aumentou em relação a 2016.